Lisboa, África

Boa parte dos corredores brazucas vai para o exterior a procura de maratonas para recorde pessoal: planas e frias. Eu também tinha essa expectativa ao viajar no começo do outono europeu. Nada feito. Quase não usei blusa desde que cheguei. As noites foram amenas, mas os dias, esses foram de calor infernal.

Torci ate a última hora por uma virada no tempo, mas, quando apanhei o trem para a cidade de Cascais, palco da largada, já saquei que não teria vida fácil.

Ser reconhecido a milhares de quilômetros de casa, tanto por conterrâneos quanto por colegas de esporte portugueses foi uma satisfação. A prova começaria num horário atípico (10 da manhã) e quem falou que o percurso era plano claramente desconhece o significado da palavra. Ainda assim, faria uma primeira metade de prova perfeita. Sub-2 horas, para dar uma ideia...

Mas correr em pleno meio-dia, estava na cara que não ia dar certo para mim... Esquentou pra valer, o termômetro bateu nos trinta graus. Complicou a vida do esquimó aqui. Acabou com as chances de recorde (cheguei a sonhar com as 4 horas).

Mas não tem nada, não... Antes fazer tempo ruim que chegar de ambulância. Estou tão feliz com a oportunidade de estar e correr aqui que relógio nenhum vai me dizer o contrário.

Volto amanhã ao Brasil com uma linda medalha, a que fiz jus. Muitas lembrançaas, fotos e boas histórias para contar.