quarta-feira, 31 de julho de 2013

Treino PL48 - App que p...

Depois de duas corridas num mesmo final de semana, o que a maioria das pessoas normais faz na segunda-feira? Descansa, claro. Mas quem disse que o blogueiro em questão aqui é normal?

Freud define
Segunda à noite, a não ser que o esforço do final de semana tenha sido desbagaçante (como uma maratona ou um Treinão da Fé, por exemplo), é dia de treino. Regenerativo, mas é. Não é apenas uma questão de planilha, de manter condicionamento físico e tal... É também para a cabeça. Ajuda a aliviar o quase inevitável estresse da retomada das atividades profissionais.

Só não uso terno. Mas o piano é pesado...
Como em quase todas as segundas, portanto, tal qual um Fred Flintstone, não via a hora de ouvir soando o alarme da pedreira de Bedrock para soltar o meu yabba-dabba-doo e pegar a estrada. Ainda que fosse só para um treininho curtinho num percurso mais do que manjado.

Até amanhã, Sr. Pedregulho!
E já que não havia novidades em termos geográficos, decidi experimentar uma tecnológica. Minha esposa comprou recentemente um celular, não gostou dele e acabou me repassando o brinquedo. Eu nem estava pensando em trocar o meu velho e funcional xing-ling, mas acabei aceitando de bom grado o presente. E o entulhando de aplicativos, inclusive um voltado para corredores, o RunKeeper. Mesmo sendo feliz proprietário de um relógio-GPS e estando muito satisfeito com ele, resolvi monitorar meu treininho da noite com o programinha.

Maniacs
Primeiro estranhamento: correr com a armband. Não tenho vocação para árvore de natal; quanto menos penduricalhos, para mim, tanto melhor. A braçadeira incomodou um bocado, talvez pela total falta de costume. E, para piorar um pouquinho, a que eu ganhei como parte de um kit em mais uma das muitas promoções das redes sociais, é para MP3s e afins, fica com o "bolsinho" virado para dentro. Teve de ser virada do avesso para poder servir.

Assim. Só que não
Comecei o percurso descendo a Avenida Papa João Paulo I. Depois de atravessar o Viaduto Frei Galvão e antes de chegar à reta da Mario Covas, resolvi dar uma conferida para ver se estava tudo funcionando direitinho. Chato ter de parar, tirar o bagulhinho (braçadeira não transparente) e olhar (mania de garmineiro). Confundir botão em coisa nova é comigo mesmo. Apertei sem querer o "parar" ao invés do "pausar" e zerei o marcador de distância e tempo. Pfffffff...

Ninguém tem paciência comigo...
Até aí, sem neura, depois era só somar tudo em casa. Mas o problema é que, na segunda perna, o danadinho resolveu começar a falhar. Quando cheguei ao outro viaduto, o Talim, e resolvi dar uma nova espiada, ele estava marcando menos de cem metros, apesar de eu já ter corrido mais de um quilômetro no trecho. Precisão digna de um Tenente John Mirolha...

Ops...
Depois dessa, desencanei. Zerei de novo o bichinho e, na falta de uma playlist, resolvi sintonizar no radinho FM mesmo, para pelo menos aproveitar o aparato para ouvir um som (muito embora não tenha o costume e nem recomende fazer isso em treinos na rua; em meio ao trânsito, atenção total é sempre bem-vinda). Triste é ver as estações que acompanharam a minha adolescência se rendendo ao apelo comercialóide e tocando músicas de gosto extremamente duvidoso... Ainda mais que na época!

Que me perdoem os fãs
Segui então o meu caminho, indo até o final do retão que acompanha o curso do riacho, mudando de faixa na chegada ao shopping, retornando pelo outro lado da avenida e completando o oito torto pegando a pista oposta da Jorge Zarur. Até cheguei a ligar novamente o dispositivo, que desta vez funcionou mais ou menos, apesar da sexy voz feminina anunciar paces instantâneos tão distintos quanto 4'/km e 8'30''/km, sem que eu corresse tão forte assim e nem apelasse para a caminhada. Em resumo: um fiasco. Vou ficar com o meu velho reloginho mesmo. Pode até não ter precisão cirúrgica, mas é bem mais confiável.

Mais ou menos isso aí
Medindo posteriormente pelo velho e acurado site MapMyRun e estimando um suave ritmo médio de seis minutos por quilômetro, foram uns 10,8 km em cerca de 1h05min. Nada mau para uma noite fria de segunda-feira. O show tem que continuar e o Projeto Lisboa também.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Treinos PL46 e PL47 - Com feijão branco

Confira lá no ACFN como foi a dobradinha (pegou o trocadilho?) de corridas do final de semana.

Circuito Redencense Quatro Estações de Corridas de Rua - Inverno
http://www.fabionamiuti.com/corrida/crqecr13inv.htm

Corrida Super 5k 2013
http://www.fabionamiuti.com/corrida/super5k2013.htm

Nunca experimentei, mas a cara é boa...






sexta-feira, 26 de julho de 2013

Treino PL45 - Happy Feet

Taí uma semaninha que deixou todo mundo, até eu que não sou propriamente um fã do calor, sonhando com ilhas tropicais e que tais... A bem da verdade, extremos nunca são bons. Se sou eu o dono do ar condicionado, juro que deixava a temperatura entre 22 e 25 graus (praticamente) o ano todo.

A praça tá sempre cheia de p...inguins mesmo
Mas o que não dá é para ficar de mimimi, reclamando de frio demais, calor demais, chuva demais, vento demais, qualquer coisa demais (ou de menos). Usar toda hora a desculpa da condição climática para dar migué em treino. Tomando as devidas precauções, dá sim para manter a rotina em dia e não abrir mão de correr mesmo com a porta da geladeira aberta. Resumindo ao máximo, o lance basicamente é usar vestimentas adequadas, fazer um aquecimento prévio (ou começar em ritmo leve e aumentar gradativamente), ainda mais importante nessa época do ano; e trocar-se o mais rápido possível após o treino, evitando a exposição ao frio com roupas molhadas. Deixe o blá-blá-blá para outro dia mais quente...

Dá pra ir até pra lá
O treino coletivo da semana, desta vez, seria transferido para a quinta. Na semana que vem, voltaremos à programação normal das quartas-feiras. Como ninguém se manifestou para projetar o roteiro, eu mesmo me responsabilizei pela tarefa e convoquei os amigos via página oficial da 100 Juízo na grande rede social. Poucos atenderiam, o que é compreensível. Até mesmo alguns tradicionais habituês ficariam de fora (onde estava Tonico?). Mas o importante é que tinha mais gente destemida em frente à réplica do 14 Bis na hora marcada.


100 Juízo e 100 frio
Sem muito atraso, para não ficar pegando friagem de graça, deixamos o estacionamento do parque pela Adhemar de Barros sentido Jardim Maringá. O apito do Silvio (bem-vindo de volta, parceiro!) já teve de trabalhar logo a partir da esquina com a Heitor Villa-Lobos, parando o trânsito para a nossa travessia. A partir dali, tudo ficaria mais tranquilo.

Nem toda equipe tem um...
Depois do breve passeio pelo velho bairro, onde morou a família do meu pai nos anos sessenta, retornamos à região central pelas avenidas Tívoli e José Longo, passando pertinho do ponto de largada (segundo o Wagner, para dar ao ressurgido Fabinho Siqueira a chance de desistir). Seguimos então o fluxo do trânsito pela João Guilhermino, Dolzani Ricardo e Coronel Moraes. Mas, antes de chegarmos ao viaduto que liga o centro ao Jardim Paulista, dobramos à esquerda na Conselheiro Rodrigues Alves. Paradas nas esquinas separariam provisoriamente o grupo. E, por incrível que pareça, desta vez eu fiquei no bloco da frente, ao lado do bom companheiro Edson.

O feio corre muito
O giro seguiu pela Siqueira Campos, região da escola onde ele estudou e do primeiro lugar onde morei em São José, isso na época em que a cidade ainda era em preto & branco. O grupo já estava reunido novamente, exceto Silvio, que encolheu o percurso para preservar o tendão. Concordamos todos que cabe bem uma provinha por ali, até para mudar um pouco a cara dos percursos urbanos habituais. Um dia ainda vou ver realizado o sonho da Corrida do Centro Histórico em Sanja também...

Quem sabe um dia a 1ª aqui
Fomos parar em seguida no Calçadão da Rua Sete. Sempre bacana levar novos amigos, tal qual o recém-contratado Helber, para uma inusitada corridinha pelo (diurnamente) movimentado centro de compras da região. Algumas poucas lojas ainda abertas àquela hora e a saudação dos funcionários aos malucos beleza passando a toda velocidade (ou quase isso).

Se o Mercadão estivesse aberto, eu parava para um pastel...
Da Rua Francisco Paes e Avenida Madre Tereza em diante, o grupo mais ligeiro imprimiu ritmo forte e eu acabei ficando um pouco para trás. Alcancei o Wagner que parou para checar o joelho (cuida disso, camarada!) e em dupla seguiríamos até o final, passando pela Curva do "S", Luiz Jacinto, Avenida São João e rua do Vicentina Aranha. A distância total ficou meio longe dos quase dez quilômetros da medida original, mas deu para fugir do friozinho e do marasmo.


Se havia arrependidos, eles não estavam ali
Pausa agora nos treinos para um pouco (mais) de diversão: uma nova dobradinha de corridas no final de semana. Redenção da Serra no sábado à tarde e Super 5k, corrida conjunta com o duathlon, na Via Norte no domingo. Possivelmente com a volta do maçarico, para alegria de uns (a maioria) e tristeza de outros, tipo esse pinguinzinho aqui, que nunca mais teve chance de correr provas com o termômetro marcando um dígito só. Ainda lembro bem daquele dia gelado de 2007 em que Mogi das Cruzes me viu terminar os 15 km em fantásticas (para mim) 1h13min.

Nunca mais...

Com qualquer tempo ou temperatura, o que vale é o keep running.


Link no Garmin Connect:
http://connect.garmin.com/activity/348266384

Resumo do treino:



quinta-feira, 25 de julho de 2013

Treino PL44 - 'Cause this is freezer, freezer night

Quem diria, hein? Depois de sofrer feito cão sem dono, por conta do calor anormal nos domingos da Maratona do Rio e do Treinão da Fé, ambos em pleno inverno... Ninguém imaginava que ele fosse enfim começar! Demorou, mas veio pra valer.

No verão foi pipoca
Eu tinha a desculpa dos trinta e tantos quilômetros corridos até Aparecida e até poderia descansar mais um dia (a bem da verdade, totalmente parado ficaria apenas na segunda; na terça já estava de volta à academia para uma sessão de musculação só de parte superior). Mas não estava nem um pouco a fim. Curadas as dores nos quadríceps, judiados pela Dutra, era hora de voltar a dar uma corridinha leve. Mas como, naquelas condições inóspitas? Temperatura de um dígito só (pode ser muito para as serras gaúcha e catarinense, mas aqui é raridade) e, para piorar, com chuva junto...

#AntárticaFeelings
A saída mais óbvia era ir para a esteira. Tem uma velharia mecânica no meu condomínio, que eu nunca tive coragem de experimentar. E as da academia, que está a menos de cem metros de casa. Mas convenhamos: se já é difícil achar motivação para correr num frio desgranhento desses, no brinquedo do hamster então... Já estava convencido a ficar debaixo do edredom comendo pipoca e tomando Nescau (vixe, faz séculos isso...), quando resolvi postar no Facebook que estava saindo pra correr na rua. Não por exibicionismo. Para ajudar a criar coragem mesmo.

Ajoelhou...
Quando finalmente cheguei à rua, bateu o maior arrependimento... Não era mais a garoa fina que durou a tarde toda (saí várias vezes, para trabalhar, ir ao banco, levar e buscar o menino na escola, etc.; e passei friagem à beça). A chuva havia aumentado bem, levando a sensação térmica a níveis polares. Resignei-me e entrei porta de vidro adentro. O problema era que mais gente havia tido a mesma ideia...

Ruas vazias. Academias cheias
As esteiras todas estavam ocupadas por caminhantes... Que iriam demorar nelas. Até teria, se quisesse, o elíptico ou a bicicleta ergométrica para dar uma aquecidinha enquanto esperava. Mas sou, de toda vida, um camarada de temperamento meio intempestivo. Agradeci, dei parabéns ao instrutor Reginho, aniversariante do dia. E voltei ao plano original. Receber olhares de reprovação e ouvir sussurros de "esse é maluco" por todo o caminho. Para mim, é elogio.

Discípulo
No começo, confesso, foi horrível. De camiseta de manga longa, mas sem luvas, gorro ou outros apetrechos (não sei se conseguiria correr com isso tudo, acho que ferveria o radiador depois de 1 km) e tomando água e vento contra na cara, pensei até em desistir. Mas não tardou para que a sensação ruim dos primeiros passos se transformasse no costumeiro prazer de sentir o corpo em movimento. Antes de chegar à frente da Quinta das Flores, sem qualquer outro corredor ou caminhante em sua pista habitualmente lotada, já estava aquecido. E feliz.

Correr deixa assim
Mas não era dia (ou noite) de abusar, não só pelas condições climáticas, mas também pelas próprias. Ainda estava me recuperando do esforço de domingo; a semana inteira seria regenerativa, aliás, de baixo volume e pouca intensidade. Assim, escolhi um caminho curto e sem maiores dificuldades, seguindo até o final do condomínio chique e retornando pela lateral da ciclovia da Andrômeda. Três quilômetros de ida e outros tantos de volta. O bastante. Na quinta parcial, aproveitei o embalo da leve descida para sentar a botina. Fazer um tiro, no meu modesto conceito, na casa dos 4'20''/km. Que gostoso! Pena que o relógio pirou na batatinha e deu até um reset ao final dele.

Ih, congelou o tubo pitot do Garmin
Mesmo com o tilt do brinquedo, não parei. Se parasse, pegava pneumonia. Recomecei a cronometragem e completei o trajeto com passagens pela Iguape, Passeio Cidade Jardim e Cassiopéia. Somados os trechos, algo em torno de 6,5 km em 35 minutinhos. Não precisava de mais que isso. A missão estava cumprida e o sorriso, no rosto. Chuva? Frio? Nada que um banho e um prato quente não resolvessem depois.

Não há esteira melhor que essa
Posso e até devo estar fazendo tudo errado. Meus resultados não estão sendo expressivos (ué, um dia foram?) e corroboram essa tese. Meu desempenho nas provas-alvo não tem sido dos melhores, nem mesmo para meus baixos padrões. Mas tenho me sentido mais livre e me divertido como nunca. E isso tem me bastado. Acho que vou continuar assim...

Meu jogo é esse

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Treino PL43 - Aquela que remove montanhas

Por que correr os 37 km, em plena e movimentada Via Dutra, entre as cidades de Taubaté e Aparecida? E, pior, pelo terceiro ano consecutivo... Não há motivo. Pelo menos, não um único motivo. Cada um dos guerreiros que surgiram naquela manhã em frente ao Horto Municipal certamente tinha o seu. Poderia estar ligado a questões espirituais. Ou não. Religião, crença, cada um tem a sua e todas merecem respeito, inclusive se for nenhuma. O esporte muitas vezes ensina, aliás, o convívio pacífico e harmonioso de pessoas totalmente diferentes entre si.


Convivência
Foi fantástico e emocionante ver, mais uma vez, a realização do meu velho sonho peregrino. Da ideia que já tinha havia muitos anos, talvez desde criança. Que tomou forma de treino de corrida pela primeira vez em 2011, por conta do apoio de amigos que acreditaram nela; e que vem crescendo ano a ano desde então, com cada vez mais participantes e melhor estrutura para atendê-los.


Recordar é viver. 2011 e 2012

Mas ninguém faz nada sozinho. Se havia tanta coisa boa ali, camisetas, medalhas, água, alimentos, carros e bicicletas de apoio, etc., à nossa disposição, isso tudo era o resultado de um árduo trabalho conjunto, de muita gente que sabe que as coisas só acontecem quando pessoas arregaçam as mangas e as fazem. Citar nomes individualmente é correr o risco de ser injusto e esquecer algum importante. Mas todos que tanto me ajudaram na preparação da terceira edição desse treino sabem bem da imensa gratidão que tenho por eles.

Fé e união
Talvez por coincidir com a chegada, para a Jornada Mundial da Juventude, do Papa Francisco ao Brasil, e mais particularmente, ao nosso mesmo destino desta manhã de domingo (pela primeira vez; nos anos anteriores, havíamos corrido aos sábados), a peregrinação corredora tenha chamado a atenção da imprensa. Incorrigível acanhamento à parte, foi uma experiência interessante contar um pouco da história e motivação do evento à equipe da TV Vanguarda, afiliada local da Rede Globo.

Perdoem o sotaque caipira...
Foi tudo muito corrido e, inevitavelmente, houve mais uma vez algum atraso para a largada. Mas conseguimos fazer com que ele não passasse de vinte minutinhos. Com a concentração propositalmente marcada para um pouco mais cedo, a partir das 6h30, até que não foi tanto prejuízo assim. O clima matinal ainda era agradável e a estrada, em reformas no trecho, ficou bonita de ver com o multicolorido dos atletas e seus veículos de apoio nela, depois do breve deslocamento a pé do ponto de encontro até o do início do desafio.



 
O início da jornada
Como de costume, os blocos de ritmo se formaram. Atletas mais ligeiros, dispostos a fazer do treino quase como se uma competição fosse, dispararam à frente. Eu me juntei à velha e boa turma do fundão. Toninho disse que era coincidência estarmos juntos novamente, os mesmos do ano anterior; e eu respondi que não, era pangarezice mesmo. Nada como ter bons e leais companheiros e a oportunidade de correr sempre ao lado deles.



A elite Z novamente reunida
Repetiríamos a mesma estratégia de sucesso das primeiras edições. A cada cinco quilômetros, aproximadamente, priorizando mais aspectos de segurança que de localização geográfica, nossa brava equipe de apoio estava lá. Distribuindo água, isotônico, frutas, barrinhas de cereais e outros mimos, mas, principalmente, valiosas palavras de incentivo. Dando aquela força, tornando tudo menos difícil para nós, corredores. Além da presença valorosa da turma do Pedal 100 Juízo, que veio desde São José e nos acompanharia em todo o trajeto até Aparecida. Dariam todos, mais uma vez, um show de solidariedade e amor ao próximo. Não há palavras para agradecer à minha esposa, aos meus tios e padrinhos e a cada uma das famílias que, naquela manhã, tornar-se-iam uma só, a grande família da corrida.





Sem eles, isso tudo não seria possível
Desafios, como sempre, não faltariam neste longo caminho. O sol ficaria brincando de se esconder durante quase toda a manhã; mas, quando finalmente apareceu de vez, foi para torturar geral. As subidas e descidas eram muitas, a começar pela longa rampa acima na divisa entre as cidades de Taubaté e Pindamonhangaba. A maior parte dos trechos tinha acostamento de bom tamanho e permitia correr com tranquilidade e segurança. Mas havia também alguns onde o jeito era subir para o canteiro gramado, nem sempre com piso lá muito regular. Contudo, o grande movimento esperado na rodovia até que não se mostrou tão complicado assim. Mais uma vez, com a proteção e bênçãos pedidas por e para todos, tudo seria calmo e sem maiores sustos. Tivemos até, pela primeira vez, o apoio extraoficial da Polícia Rodoviária e veículos de apoio da concessionária que administra a rodovia. Não é, definitivamente, mais perigoso que correr nas ruas das cidades, em meio ao trânsito caótico delas. Basta estar lá pessoalmente para constatar isso. Houve, infelizmente, preconceito e desinformação que talvez tenha afastado alguns participantes em potencial. Mas a gente releva...




Um caminho difícil, mas também seguro

De minha parte, havia a consciência de que, por maior que fosse a vontade de correr de ponta a ponta por todo o percurso, o que estava acontecendo ali era um treino e não uma competição de corrida, na qual estivesse buscando uma marca pessoal. E eu corri o tempo todo focado nisso. Se o calor forte, a exaustão ou qualquer ameaça de lesão viesse e atrapalhasse, eu não pensaria duas vezes em tomar a decisão de caminhar ou até interromper a minha participação. O mormaço e a sensação de abafamento decorrente dele logo transformariam o começo agradável do caminho em algo longe da zona de conforto, mas, até aí, ainda suportável. O problema maior foi o mesmo ocorrido na última edição da Maratona do Rio: ameaças de cãibras nas panturrilhas. Nas primeiras vezes, achei até engraçado. Mas logo a "piada", repetida muitas vezes, foi perdendo a graça.

Cara, isso dói...
Lá pela quinta ou sexta vez que veio o choque, já também bastante cansado e perdendo contato com os companheiros de pelotão, resolvi que não iria correr todo o percurso. No mesmo ponto de desistência da edição de 2012, aos vinte e oito quilômetros, parei, troquei de farda e peguei uma carona no carro dos meus tios. Mas não estava disposto a capitular por completo, ainda tinha um pouquinho de lenha para queimar. Pedi então para que o padrinho me deixasse no viaduto do km 71, a 3,6 km da chegada. E, sem medo de travar tudo, reiniciei minha jornada, para ter ao menos a sensação de ver a Basílica surgir no horizonte sem um vidro de carro como anteparo. Fazendo, no penúltimo quilômetro, depois da forte subida, o melhor pace do dia.


Ok, ok, podem cornetar, eu cortei caminho. Mas cheguei lá!
Somando tudo, seriam 31,6 km em pouco mais de 3h30min, o que estava ao meu alcance no dia e condições. Menos que os trinta e sete completos que fizeram muitos dos valentes amigos que recebi e tive a honra de condecorar, entregando suas medalhas de participação; mas mais que outros tantos que correram metade do caminho em revezamento ou distâncias livres, à escolha. Importante mesmo era a presença e participação de todos. Com cada um trazendo algo, o lanche comunitário pós-treino virou um verdadeiro banquete, cada coisa mais deliciosa que a outra. Mais fotos, muitas fotos, como sempre. Muita alegria, muitos abraços, muitos agradecimentos e palavras de carinho e reconhecimento que me deixaram com olhos marejados... E a alma leve, com sensação de missão cumprida, de ter podido proporcionar, mais uma vez, a queridos amigos e companheiros de esporte algo verdadeiramente especial.

 
Celebrando a conquista

Ainda que não tenha sido um treino perfeito; e que chegue até a preocupar o fato de mais uma vez não ter rendido o que podia (além da ameaça de cãibra), foi um dia marcante e inesquecível. Para mim e para todos que estiveram comigo neste caminho. Pessoas me perguntando se falta muito para a quarta edição, em 2014, são a prova cabal disso. Que falta, falta, minha gente... Mas que possamos estar juntos, reunindo cada vez mais amigos, em muitas próximas edições desse e de outros bons desafios. O meu muito obrigado a todos que estiveram presentes, torceram, participaram de alguma maneira do 3º Treino da Fé, como apelidaram o evento. Ela não costuma falhar...


Matéria sobre o treino no Jornal Link Vanguarda de 22/07/2013:

Vídeos: