segunda-feira, 11 de março de 2013

Treino 39 - De repente, 32

Outrora havia aqui, nessa velha e puída carcaça, um corredor de longas distâncias. Mas a segunda metade do ano que passou e a preguiça que eu ostentei durante toda ela se encarregaram de enfraquecê-lo, até quase definhar. Não se desaprende de todo como correr por horas a fio... Mas que se desacostuma, ah, desacostuma!


A luta, agora, tem sido para reencontrar o fio da meada. Resgatar aquele cara casca grossa que já foi capaz de cruzar sete linhas de chegada oficiais de 42 km. E até mesmo percorrer essa mesma distância em um treino solitário, encomendado para substituir a Maratona de Curitiba que não pude fazer em 2011. Achar novamente o caminho que me leve até onde já cheguei antes; para de lá poder seguir adiante e alcançar meus novos objetivos no esporte. Fácil não é. E eu nem gostaria que fosse. E nem valeria a pena ser contado.

Minha maratona pessoal 
Não são receitas de bolo ou fórmulas prontas que vão me fazer chegar lá. Se montei uma planilha de treinos para a prova-alvo que me propus a enfrentar, foi mais para ter um referencial do que para seguir rigorosamente, como se fosse um Código de Hamurabi. Reconheço a grande dificuldade que estou tendo para seguir as recomendações prescritas. Venho treinando com regularidade e disciplina, mas estou bem longe de onde pretendia estar nesse momento da preparação, finalizando a décima semana, sexta de ciclo específico após o período de base.

Se alguém soubesse, não usava para ganhar?
O treino desse domingo era o segundo no esquema do corre-pára-anda-corre de novo, como o que fiz em fevereiro, em pleno carnaval. Se aquele tinha quatro horas (mas acabou durando pouco mais de três, na prática), este deveria acontecer durante um período de seis. Fui flexível. Como a data coincidia também com a de outro evento previsto, o churrastreino promovido pelo amigo e companheiro de equipe Giovani, acabei resistindo ao impulso de sair por aí sozinho às seis da manhã.

Difícil resistir aos treinos (e comilanças) da malucada do asfalto
Combinei então com o veterano amigo Toninho, que raramente diz não a um convite. E juntos saímos às 6:30 da matina, rumo ao encontro com os amigos, que pretendiam começar a jornada de até 27,7 km a partir das sete. Rodaríamos cerca de 4,5 km do Jardim Satélite ao Bosque dos Ipês, local da "largada", com direito a uma bela pirambeira na rua do antigo clube da Kanebo. Mas acabaríamos perdendo o aquecimento, com os quarenta minutos que ficamos esperando por lá, até a chegada dos últimos participantes.

Custou a sair essa foto oficial pré-treino
Seguimos então, já em comboio, o caminho para a cidade vizinha de Jacareí, palco de dois treinos anteriores deste ciclo de preparação. Até a divisa dos municípios, eu já conhecia muito bem o terreno. Depois da guinada à esquerda na Estrada do Rio Comprido, entretanto, só mesmo pelas fotos do  Google Street View. Tudo seria novidade. Chão de terra, um bocadinho de lama, mas nada comparável à da semana anterior no Horto. Subidas idem: fortes, mas nada tão íngreme quanto as que enfrentamos no final de semana anterior. O grupo, que logo se espalhou, deixou meu bloco restrito às companhias de Toninho e Silvio Lima. Levamos um belo susto com o cachorrão que atravessou a cerca e partiu para cima da gente... Sorte que ele estava bem preso por uma corda!

Caminho das pedras
Com o pit stop forçado do cara das selvas (dessa vez a parceria foi curta!), restamos eu e o professor. Edson, que também poderia fazer parte do esquadrão, estava novamente mais arisco e sumiu no horizonte. Tonico e Aldo, outros parceiros habituais, dessa vez nem apareceram. Como nas estradas rurais da zona norte, essa também tinha suas muitas vias laterais, mas era bem mais difícil de se perder nela. Mantivemos o rumo na pista principal, aproveitando o conhecimento que o Toninho tinha do roteiro.

Dobramos à direita na bem sinalizada bifurcação e encaramos uma longa e forte descida até o reencontro com a "civilização". No posto de combustível do bairro Santo Antônio da Boa Vista, aproveitamos para completar os squeezes e pedir informações (e nem era Ipiranga!). Elias e Tiago seguiriam reto, pegando um trechinho da estrada para a cidade de Santa Branca. Eu e Toninho retornamos pelo mesmo caminho da ida, sugestão dos frentistas. A rampa abaixo virou acima e exigiu bastante dos motores. A temperatura subia em proporções generosas e começava a complicar a vida da corredorzada.

Um breve reencontro com a pavimentação
O caminho de volta à cidade de origem começou assim, em aclive acentuado pela Estrada do Varadouro, até o encontro com a rodovia Carvalho Pinto. Passamos por debaixo dela, serpenteamos um pouco, voltamos novamente para o outro lado. E fomos seguindo paralelamente à pista, em direção ao bairro Interlagos. Para animar o companheiro, que vinha de uma semana animal de treinos (20 km na segunda, 11 na quarta e 26 na sexta), sugeri uma parada para um isotônico no mercadinho... O problema é que o tal mercadinho não chegava NUNCA!

Do Carvalho
Quando finalmente apontamos na entrada do bairro, já apelando algumas vezes para a caminhada, fomos abordados pelo companheiro de equipe Elias, morador do local, que retornava para nos "resgatar". Ao invés do mercado, ele sugeriu uma escala em sua casa. Renascemos das cinzas com a generosa oferta de água geladinha e frutas (banana e tangerina). Difícil foi sair dali. Tiago parecia querer esperar o almoço.

Encarar as megarrampas que ligam o Interlagos ao Bosque dos Eucaliptos, depois de termos quase secado a caixa d'água da casa do amigo é que foi osso duro. No alto do último morro, novo posto de hidratação, este montado pelos camaradas que já haviam concluído seus percursos menos longos, com 8, 10, 20 ou 23 km. Caiu muito bem também. Estar em um grupo de amigos onde uns se preocupam com os outros faz toda a diferença.

A marca da solidariedade
Tiago e Elias voltaram direto para o Bosque dos Ipês. Toninho deu uma parada no posto para retomar o fôlego. Sozinho, dobrei à direita, desci o morro e cheguei à avenida onde moro. Correria os últimos cinco quilômetros nela por minha conta própria. Trotando um pouquinho, andando outro tanto. Mas, quando corri, fiz algumas das melhores parciais de todo o treino, abaixo dos 6 x 1, parecidas até com as do começo dele. Cansado pra caramba. Mas feliz toda vida por voltar a ser capaz de rodar 32 km, como há muito tempo não era. Poderia e deveria ter sido mais. Somando tudo, quatro horas e meia, longe, bem longe das seis horas previstas... Eu ainda chego lá. E vou além.

Chão à beça

Finalizada a minha participação, parei em casa para um banho e apanhar a família. E voltamos à cena do crime para a segunda parte da diversão. Fomos recebidos pelo casal Giovani e Simone em sua casa, para um animado e caprichadíssimo churrasco de confraternização. Pena que alguns participantes do treino já haviam ido embora e integrantes da equipe, envolvidos em outras atividades no dia, acabaram nem comparecendo. Nem por isso a alegria foi menor, no entanto. O importante é que estejamos juntos sempre que possível, seja nas pistas ou nas festas. Nas batalhas da vida e do esporte.

Um viva para os churrasqueiros!
A preparação ainda não embalou. Mas vai embalar. Farei tudo o que puder para isso.

Link no Garmin Connect:
http://connect.garmin.com/activity/282634006

Resumo do treino:








4 comentários:

  1. Você tem um propósito. E vai chegar lá! Abraço!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Tô na batalha pra isso, amigo. Valeu pela força!

      Abraço!

      Excluir
  2. Treinaço!!
    Força aí,meu amigo, e não esqueça que ainda estamos no verão, em breve tudo vai melhorar com as férias do Astro Rei...
    Abraço.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Foi mesmo, Jorge! Faltou você nessa com a gente...

      Estou ansioso para essas férias dele. Tá difícil de começar.

      Abraço, obrigado pela força de sempre e bons treinos.

      Excluir

Obrigado por estar comigo neste caminho. Deixe também o seu registro de passagem. Dê sentido à existência disso tudo.