terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Treino 26 - Não sou o João, mas também dou os meus pulos

Ufa! Depois de muito protelar, adiar por pura preguiça, chuvas que o transformaram num pântano ou por conta do carro do fumacê (que salva vidas, mas empesteia o ar), finalmente consegui estrear nessa temporada em um local que deveria, por definição, ser o meu principal habitat. É numa pista bem parecida com essa, de piso igualzinho, mas lá no paulistano Tatuapé (o mito da fotografia, Marcos Viana "Pinguim", sempre lembra que na verdade é Vila Formosa), que o sonho vai (ou deve) virar realidade.


Se lá no PET, ex-CERET, eu quero passar um dia inteiro (ou quase) correndo, é no JP, iniciais da alcunha pela qual ficou mundialmente conhecido o grande atleta valeparaibano dos saltos, em distância e triplo, que eu devo me preparar para estar apto ao final de junho. E vou. Onde passa um boi, passa a boiada toda...

De Pinda para o mundo
Na inauguração (em 1983) do centro poliesportivo que ganhou seu nome, pouco tempo depois do grave acidente automobilístico que interrompeu sua brilhante carreira esportiva, João Carlos de Oliveira, o João do Pulo infelizmente não compareceu. Mas a homenagem, além de justa, foi condizente. O local se sagraria como um verdadeiro celeiro de esportistas. Pelas suas dependências, desfilariam e seriam formados grandes atletas. Não só corredores, velocistas e fundistas, mas também praticantes de outras modalidades do atletismo, além do judô e da natação. E alguns belos pernas-de-pau naquele campo de futebol também...

Isso nunca falta, nem lá, nem em lugar nenhum...
Até eu, que nunca fui grande em nada, tive meu momento popstar do esporte por lá. Aquela pista, aquele solo sagrado, foi o cenário da minha única medalha (e de ouro) conquistada em uma competição oficial de atletismo, o revezamento 4 x 100 metros dos jogos internos (chamar de "Olimpíadas" é sacanagem!) da ETEP em 1987. Sempre que eu correr naquela primeira curvinha depois da largada, vou lembrar que lá vivi breves, mas eternos cem metros de um sonho.

Todo panga tem seu dia de "corredor de verdade"
A viagem para o litoral no final de semana me fez perder (ou transferir) o primeiro grande treino simulado por lá, que deveria ter três horas de duração e acontecer no último sábado. Como "penitência" (ou será prêmio?), acabei trocando os quarenta minutinhos de esteira previstos para a noite desta segunda-feira por uma sessão de vinte voltas na pista oficial de atletismo. Não por coincidência, o exato tamanho de cada ciclo de oito quilômetros da minha (teórica) estratégia de prova.

Aproveitei a distância entre minha casa e o poliesportivo, uns 1600 metros ou pouco menos de vinte minutos, para uma caminhada de aquecimento. E já cheguei chegando na pista, ávido pelos giros, com a animação de um estreante. O gramado estava lotado. Vários integrantes da numerosa e fortíssima equipe de corrida de rua que leva o nome do local faziam seus treinamentos. E eu, que imaginara fazer mais um treino solo, não tardaria a ganhar companhia. Logo na primeira volta, seria alcançado por uma das figuras mais conhecidas de lá, que pediu uma carona. Sou doido de recusar?

Sempre no meio das feras. Vai que é contagioso?
Dutra, o primeiro à esquerda na foto acima, corre há pouco tempo... Só uns quarenta anos! Era a segunda vez que eu tinha a oportunidade de fazer um treino ao lado dele. Uma verdadeira aula de corrida, aliás. Aproveitei o ritmo relativamente tranquilo, pelo menos dos giros iniciais, para fazer várias perguntas. E ouvi muitas boas histórias desse veterano companheiro de esporte, 66 anos de vida e inúmeras maratonas, meias, provas em geral, troféus, pódios, conquistas e títulos. Os tempos do camarada, ainda hoje, são espantosos. Quase vinte minutos a menos que eu nos 21 km, para dar uma leve noção. Ter essa colher de chá de correr dezoito voltas com o cara, definitivamente, não é coisa para se jogar fora. Nem vi o treino passar...

Correr também é acumular conhecimento
Fechei a sessão com mais duas voltas correndo sozinho; a primeira em bom pique, a última de desaquecimento. Por usar as raias mais externas na maior parte dos giros, acabei fazendo praticamente uma volta a mais, 450 metros de bônus, em razoáveis 47' no total. Tanto melhor. Foi muito bom começar, quae sera tamen, esse processo de "reambientação". Não há como fugir da(s) raia(s). Vou ter que ser muito visto no JP, se quiser mesmo aparecer lá no PET em junho... E vou. Ser e aparecer.

Eu tenho uma pista
Que daqui a vinte e cinco anos, quando eu tiver a idade do Dutra, um jovem (ou nem tanto) corredor possa escrever em seu blog (se é que isso ainda vai existir):
"pô, nem te conto: corri hoje ao lado do Fábio Namiuti. Esse cara tem história!"

Link no Garmin Connect:
http://connect.garmin.com/activity/275083577

Resumo do treino:





6 comentários:

  1. Olá Fábio.
    Que legal você ter um espaço assim para poder treinar. Com certeza é muito legal.

    Nem só de ruas e parques vivem os corredores do asfalto, não é mesmo?

    E um dia quero conhecer um Dutra também. Imagino as histórias que ele tem para contar.

    Corridas do Luizz

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    1. Verdade, Luiz. Bom mesmo é ter opções variadas e poder treinar a cada dia em um cenário diferente. Ruas, parques, pistas e tudo mais que há.

      São muitos os Dutras por aí, felizmente. E todos temos muito o que aprender com eles.

      Abraços!

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  2. Treino muito no Ceret mais essa epoca do ano S Pedro nao ajuda, a prova q vc fala deve ser a virada esportiva, bem organizada e disputada volta a volta..

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    1. Ela mesmo, Alex. Tomara que seja mantida, pois a preparação está sendo feita especificamente para ela. Se não tiver, mudo para outra prova-alvo, mas gostaria muito de repetir, dessa vez pra valer, a prova de que já participei só como "treineiro" no ano passado. Não estou, claro, nessa disputa volta a volta, mas tentarei fazer o melhor que puder.

      Abraço e bons treinos.

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  3. Legal essa pista hein Namiuti!
    Bons treinos até junho! Eu preferiria treinar mais rápido e menos longo na pista.
    Abraço
    Colucci
    @antoniocolucci

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    1. Dizem que ela vai ser reformada, Colucci, ganhar piso de tartan e tudo... Mas aí, acho que vai precisar de "pedigree" pra entrar. Se for assim, prefiro que fique como está.

      Vou fazer diferentes tipos de treinos na pista. A maior parte, lento e longo, mas, de vez em quando, pra brincar e variar, tem uns tirinhos também.

      Abraço e valeu pela visita e mensagem.

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