terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Treino 17 - Ô fumacê, fumacê

Ok, ok, ainda falta muito... A prova-alvo, sequer com data marcada ainda, deve acontecer só no último final de semana de junho (se é que a Virada Esportiva, ainda não confirmada no calendário oficial da SEME paulistana, não vai ser afetada pela troca de bastão no poder). Restam portanto, contando essa, vinte e duas semanas até o dia D. É semana pra chuchu, mas só em tese. Não me dá o direito, todavia, de relaxar, não levar a sério a preparação. Deixa correr solto, para ver no que dá. O tempo passa, o tempo voa... E a Poupança Bamerindus, a chinesada "complou" numa boa.

Se não entendeu, google...
Meio je suis désolé com os treinos recentes, principalmente o último, decidi começar a semana com outro astral. Tentar seguir a planilha um pouco mais à risca. Todas as que cumpri até hoje, com êxito ou não, tiveram certa "taxa de miguelização". Dar um migué de vez em quando faz parte do jogo, não mata ninguém e nem estraga nenhum projeto esportivo... Quando vira mais regra que exceção, no entanto, a coisa degringola de vez.

Não é bem desse tipo, mas...
Marcar um "longuinho" de 22 km e correr 20? Trocar aquele importante treino estratégico-psicológico de esteira ou pista por um trotinho suave na rua? Garantir que iria fazer apenas uma prova por mês e arranjar, na surdina, uma vaguinha para aquela corrida bonus track no domingo? Tudo isso, confesso, eu já fiz nessa temporada 2013. Atitudes que vão condenar a minha ultramaratona de 24 horas a um fracasso retumbante? Não necessariamente. Mas que não podem ser o meu padrão de comportamento. No máximo eventuais recompensas pelo meu esforço. Se sentir que não vou conseguir manter o foco, que não é esse o momento certo para partir para um desafio desse porte, qual é o problema? Tranco vaga e retomo o projeto mais adiante, como já fiz outras vezes na vida. Mas não vou abrir mão de tentar. Como faço sempre.

Fazia tempo que queria usar essa imagem em alguma coisa...
A abertura da segunda semana do primeiro microciclo da planilha previa, para esta segunda-feira à noite, um treino bem específico: 40' na pista de atletismo. Rápido o bastante para não ser desgastante, dia e meio apenas depois de um longo; e em um piso naturalmente de menor impacto. Mas não extensivo (e relax) como um trote regenerativo costumeiro do dia e horário. Não tive dúvida. Encerrado o expediente (nessa semana de lenga-lenga pré-carnavalesca, parece que os dias simplesmente não passam!), percorri, em alegre caminhada de aquecimento, os mil e quinhentos metros de minha casa até o Centro Poliesportivo João do Pulo.

Esse lugar faz parte da minha história desde que as corridas eram em P&B
Seria o regresso à pista que me viu ganhar minha única medalha de ouro em competição oficial de atletismo, no já quase pré-cambriano 1987. Em um reles revezamento 4 x 100 metros escolar, mas que teve sabor de título olímpico à época, ao menos para nós, que o conquistamos com méritos. Um lugar que frequento desde sua inauguração, nos nos primórdios dos 80's. Que viu aquele moleque curioso e de pernas curtas, sem genética e nem talento nenhum para o atletismo, brincar muito em sua sagrada terra batida. E aplaudir bastante as verdadeiras feras que desfilavam por ali. Um esperado reencontro... Um reencontro frustrado!

Longe de mim querer questionar esse trabalho, indiscutivelmente fundamental. Mosquitos, sejam eles perigosos, como o da dengue; ou simplesmente irritantes, como os comuns, são mesmo uma praga a ser combatida, e de forma ostensiva. Com a dedicação e labuta de verdadeiros heróis anônimos como esses, atitudes concretas das autoridades, mas também (e talvez principalmente) com cidadania. Mas, pô, os caras só não precisavam me perseguir... Quantas e quantas vezes eu puxei oxigênio e veio aquele inconfundível odor do inseticida nos pulmões? E aquela outra, em que simplesmente despejaram uma nuvem sobre a pista do JP (como carinhosamente chamávamos o centro) e acabaram com o treino de dezenas, quase centena de corredores...

Não sou Aedes e nem aegypti, mas ele me persegue...

Quando vi o carro do fumacê passando pela rua de cima, desejei bom treino ao companheiro Chico, que também chegava ao local. E tratei logo de pegar o caminho inverso. Mas, se nem Eldoret no Quênia deve ter uma pista de atletismo em cada esquina, imagine São Zezé... Na impossibilidade de uso do João do Pulo (mais tarde, a amiga Sandra diria que a chuva forte e constante durante todo o dia também deixara a pista impraticável) e na distância e complicações de acesso ao COCTA, outra opção possível, parti para o puro improviso.

A cerca de meio quilômetro dali, estava um conjunto de três praças adjacentes. Duas maiores (Humanismo e Jossei Toda) ligadas por uma menor (Wanderlei Freire). Áreas de lazer arborizadas, com pista de cooper e caminhada, playground, equipamentos para ginástica, quadra esportiva, academia ao ar livre, bancos e quiosques (e diversos casais de namorados se amassando neles). Encravadas em uma área pontilhada por dezenas de prédios residenciais, um subconjunto do Jardim Satélite chamado de Floradas de São José.

Praça multiuso
Cada um dos dois largos principais me permitiria fazer giros mais ou menos com a mesma extensão de uma pista convencional. Mas usar ambos e mais o corredor entre eles, opção bem mais interessante, apesar do risco (e chatura) das ruas de trânsito relativamente pesado que os cortavam, ampliava o trajeto para pouco mais de um quilômetro. Planinho não era. As três praças têm inclinações decorrentes de sua localização, entre a alta Avenida Andrômeda e a baixa Cidade Jardim. O desenho ficou interessante. Um oito meio achatado... Ou os óculos da vovó, para os mais criativos!

Praça não é pista, mas...

Seriam seis as voltas completas e mais uma última, interrompida na metade do contorno da praça com nome nipônico, à direita. O ritmo, bem pianinho, de quem ainda tem panturrilhas se ressentindo das últimas competições (mas precisa se recuperar logo disso), mais próximo dos seis que dos cinco minutos por quilômetro. A bem da verdade, uma cadência à qual preciso logo voltar a me acostumar, já que será (bem) mais que isso o meu pace de prova nas 24 horas. 

Não foi exatamente o treino que eu queria. Ficou para outra vez o primeiro simulado em 2013 do ambiente que me aguarda no dia mais longo de toda a minha vida. Mas foi mais um treino gostoso, em um local agradável e que, apesar de tão próximo, é pouco explorado por mim. Pena que o relógio outra vez surtou, computando um fictício oitavo quilômetro feito em tempo estranhíssimo e perdendo a média de velocidade (resgatada pela minha planilha Excel). No total, 7 km redondos em 40'03'', com média de 5'43'' por quilômetro. Um treino divertido, sem deixar de ser produtivo.

Parafraseando Guevara, hay que endurecerse (o rigor ao seguir a planilha), mas sem perder o prazer de correr. Jamás.


Divirta-se, corredor

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